Passei o dia inventando o que fazer, deixando coisas importantes para depois, construindo e destruindo castelos. Escrevi poemas de amor. Depois rasgava. Andava de um lado pro outro do meu quarto que chegou uma hora que meu tédio estava zonzo. Peguei nossas fotos. Molhei-as com minhas lágrimas. Mas ao falar seu nome não engasguei como antes. Pensei em fazer uma fogueira com tantas fotos, mas me lembrei que passaria a agarrar nada quando chorasse. Lembrei de você, das outras que vieram e de todas que o meu tédio permitiu lembrar. Tentei escutar músicas, mas todas tinham sua cara. Voltei a escrever, mas só saia o seu nome e dele saia o meu como se você fosse uma extensão de mim. Fosse? É sem duvidas. Uma longa e bonita parte do que sou. Ontem foi terrível. Lembrei até de suas manias. Ontem o meu amor por você transbordou e fez caminho em meu rosto, marcando ainda mais minha vida. Ontem foi assim. Lembrei de você, lembrei de mim. Lembrei de mim sem você e você nem se lembra de lembrar-se de mim.
(Saymon Ribeiro)
P.S: Foi mantido o título original dado pelo autor.
